quinta-feira, 21 de maio de 2009

Esperança alta.


Voltemos.


Sim!

Sim...

Sim, eu posso sentir o que fizemos de nós mesmos!
Eu posso ver, apenas por alguns momentos sagrados, o que estamos fazendo de nós mesmos...

Posso ver a cegueira alheia...
Alguns semi-cegos.
Ainda assim cegos...

Posso ver minha própria cegueira...

Posso ver que não é esse o caminho que devemos tomar...

Esse caminho de instintos somente...

Será que apenas eu posso sentir?

Você também não acha que não deveria ser assim?
Que há muito mais de amor em nós?
Que sentimos a falta desse mais amor todos os dias?
Que essa falta grita quando a chuva vem?
Que cada manhã de sol é mais um convite à vida?
Que o Convite grita?
Que por trás de cada atitude egoísta que tomamos o que estamos buscando, na verdade, é esse mais amor?


Por que procuramos assim?
Por que tão violentos?
Por que competimos quando, na verdade, podemos caminhar lado a lado?
Para quê as armas?
Para quê?

Precisamos mesmo delas?


Que tamanha anestesia!

Anestesia que nos faz esquecer que temos olhos...
Por não acreditarmos que os temos, eles não possuem utilidade...

No fundo, fingimos não ver.
No fundo, sabemos que aqueles “seres” na sinaleira são como nós.
Quando foi que nos acostumamos?
Como podemos tratá-los assim?
Como podemos negarmos a nós mesmos?

A cada manhã o Sol grita!
Tenta nos lembrar quem somos!

Não duvide da chuva!
Não duvide das flores!
Não duvide da música!

Eles só estão tentando nos lembrar quem somos.


Não podemos ao menos tentar?

Desse jeito não está dando certo mesmo...

Vamos!

Eu sei de uma Luz!

Vamos?!

Existe Um Sol de justiça!

Ainda podemos voltar!

Sei que existe!

Somos feitos Sua semelhança e Ele é amor.
Ainda há uma esperança.

Enquanto houver fé,
Ainda há.

Em Cristo,

Carol.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Átomos interiores.





O dualismo que em mim habita...

Sou feita de som.
De música.
De pequenas partículas coloridas e brilhantes.
De dança..
De matéria.

Sou feita de inquietações, de dúvidas, de inseguranças...

O tempo ainda me acelera a cada batida, a cada sino ou sinal. Como se cada hora pedisse pressa. O tempo feito líquido me trás a impressão de que não sei ser represa.

Sendo assim, se esvai... Se vão os tique-taques, sugados pelo buraco negro da dimensão almática de minha existência.


O outro olhar ainda me amedronta e me enobrece.

Isso, penso eu, deve ser reflexo dos espelhos humanos que ainda busco, emoldurados de glória.

Quase todos que me cercam sobrevivem no concreto. E eu sou feita também da mesma essência dos pensamentos, aquelas coisinhas brilhantes. Fico sempre atenta procurando seres almáticos, que transitem também por aqui, entre cédulas e flores. O que mais encontro é gente morta em corpo vivo.

Corações sem propósito, alimentam um corpo que deveria ser apenas parte, tomam a parte pelo todo. Sem suprimento arterial adequado apodrecem, fedem e nem percebem, se denunciam, denunciam-se mortos.

Uma parte ainda mais triste de tudo isso é de minha contribuição. Eu, um ser de alma viva feita de cores e dança, eu que não mato minha alma de fome, ás vezes me sinto tentada a assassiná-la em troca de espelhos feitos de gente morta.

Contemplo o sonífero, que para mim, tem gosto de vômito.

A sede é tão violenta que mato a mim mesma por outros e mato outros por mim mesma, no final não há viventes, apenas sobreviventes anêmicos. Doação vermelha para as trevas.

Quase submersa, me lembro que me manter viva não depende de mim mesma. Olho pra quem um dia me deu Água viva e Água viva em gente morta é maravilhoso demais pra querer continuar levando a vida em preto e branco. Exercito meus olhos novos...meu espírito duvidoso descansa na Verdade, deleito-me....a calmaria vem com a certeza da eternidade e a brisa é sempre muito suave.

Volto para Ele, onde me encontro.
Volto para onde nunca deveria ter saído.
Não mais amnésia.
Em Cristo,

Carol.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Parto.


Desejos.

Um desejo...
Um desejo...
Um desejo...


Um desejo de ser leve, de deixar que leve...

Um desejo de ser em cores amenas, cores que não tragam consigo aquele apertar de peito, aquele ar rarefeito...
Quero encher meus pulmões, quero não reter nada, quero não ser nada além de gente.

Quero me virar de ponta cabeça e esquecer tudo que absorvi de chumbo até aqui...

Quero morrer mais uma vez, em mais uma instância...

Apelo para outros aquilo que grita dentro de mim. Um grito dilacerador, desfalecedor.

A falsa produtividade me oprime. Ainda me oprime, oprime...
A correnteza ainda é forte e meus remos curtos...
Uma voz supostamente consciente me castra de ser gente, diz que devo ser máquina.

Preciso sair! Preciso sair! Sufoco, sufoco.
Lágrimas.

Um estado latente de insatisfação. Um objeto manipulado por uma entidade impalpável a quem chamam de sistema, acorda.
Desperta!

Espreguiça-se...
Algo ainda me mantém deitada, sou eu mesma, ou parte de mim.

Tal parte de mim, abriga o medo.
Vozes ecoam...

Ecoam advertências! Supostas necessidades indispensáveis. Algo que detesto e não consigo soltar.

Uma natureza escondida, abafada, enganada, surge. Floresce, nasce... Não acha espaço para crescer... sufoca...síncope.

Desejo de vestido de chita em cores pastel.. de brisa e balançar de cabelos, de riso, de família, de Reino...

Ah!

Ah!

Ah!

Abro mão de qualquer instrução mal dita... Assumo os riscos.
Assumo o parto.
Um mais novo nascimento ocorre.

Em Cristo,

Carol.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Ópio.


Não tem pé nem cabeça.


Essas histórias sem pé e nem cabeça que tem me vindo à cabeça...
O que fazer com elas?
Não são aceitas! Não são entendidas! Não tem nem pé nem cabeça! E se não tem, não são ouvidas e quem sabe nunca serão.
Um bicho de sete cabeças! E quem gosta? E quem quer? E quem quer pagar pra ver?
Todos preferem esquecer o que não me sai da cabeça! Esse bicho de sete cabeças! Que não me sai da cabeça... Não tem jeito! Não consigo passar por cima! E cadê essa ponte que todos usam? Onde achá-la? Será que é mesmo tão segura? E é mesmo com pé e cabeça que preste?
Não vejo lógica! Não vejo doçura nos frutos que crescem dessa fonte. Essa que, dizem ser, tão saudável, tão aceitável.

E se eu não quiser a anestesia da ponte?
e se eu não quiser passar por cima de tudo?
E se eu não quiser essas lentes microscópicas?
E se eu quiser me manter consciente?
E se eu quiser pagar o preço?
E se eu descobrir que o preço que pagam e nem sentem é mais caro?
E se eu quiser nadar?
E se essa tal “realidade” não me couber?
E se o amor for mesmo o mais importante?
E se eu estiver certa?
Me deixarão ir?
Quererei ir?
Já fui?
Estou?

São tantos! Tantos pés em uma mesma direção! Pés e cabeças! Os olhos são lilases! São fixos! São cegos! Os passos distraídos! A ponte é cinza! E logo em baixo tem um mar. O mar é de gente. Gente que não tem escada, porque “não presta”! Morrem na vida.

Enquanto os outros seguem... uns até conseguem correr, vencem na vida.

Esse eterno aforgar-se.
E o mar é de gente.

Quero não beber dessa fonte!
Essa fonte que bebe a todo mundo e a ninguém sacia.

Todo mundo será pão dormido?!

ACORDA POVO!!!

Povo há corda pra puxar!

Levar a vida não é ter o quê levar dela!
Estão levando vocês!

Ninguém se dá conta?
Ninguém se dá conta?

A conta é cara!
A conta cresce!

Como pagar?

Vamos ser gente!
De mãos dadas!

Vamos! Que a felicidade não se compra.
O que se compra é o ópio!

Em Cristo,


Carol.